Fandango Caiçara

Desvendando o patrimônio sonoro                              

Os sons têm o poder de conectar gerações, resgatando histórias e tradições que moldam a identidade cultural de uma região. No litoral do Paraná, o Fandango Caiçara emerge como um patrimônio sonoro que carrega a essência da vida caiçara, tecendo música, dança e poesia em uma celebração única de cultura e pertencimento.  

O Fandango Caiçara é mais do que uma dança: é uma expressão cultural que une música tocada em violas fandangueiras, rabecas e adufos, dança em pares com sapateados marcantes e versos improvisados. É praticado desde o século XVIII e consolidou-se entre as populações rurais, especialmente até os anos 1960, quando estava diretamente associado à dinâmica social dos mutirões, festas religiosas e celebrações comunitárias.                             

O território do fandango abrange o litoral norte do Paraná e o sul de São Paulo, em localidades como Guaraqueçaba, Paranaguá e Cananéia, conectando comunidades caiçaras por meio de práticas culturais compartilhadas. Essas práticas refletem a relação estreita entre trabalho e lazer, com os bailes sendo uma retribuição ao esforço coletivo em atividades como pesca, colheita e construção de casas. Instrumentos como a viola fandangueira, a rabexa e o adufo são confeccionados artesanalmente, componto a singularidade sonora da manifestação.                          

A voz da comunidade e desafios de preservação                              

A urbanização e as políticas de conservação ambiental forçaram muitas famílias caiçaras a deixarem os sítios litorâneos, o que levou à criação de bairros urbanos caiçaras. Apesar disso, o fandango continuou a ser praticado, e, desde os anos 1990, ganhou vitalidade com o surgimento de grupos organizados e eventos culturais. Esses grupos têm sido protagonistas na luta pela preservação do fandango e do modo de vida caiçara.           

Iniciativas como o Museu Vivo do Fandango, encontros regionais e o reconhecimento do fandango como patrimônio cultural imaterial pelo IPHAN, em 2012, destacam a importância da articulação entre fandangueiros, associações culturais, pesquisadores e comunidades. A preservação da prática não se limita à música e à dança, mas envolve também a manutenção de laços sociais e territoriais.                             

Conectando o passado com o futuro                              

Além de ser um espaço de celebração e pertencimento, o fandango representa a resistência cultural das populações caiçaras frente às mudanças históricas. Participar de eventos, divulgar as iniciativas de preservação e aprender sobre os instrumentos e as histórias do fandango são formas de apoiar a continuidade desse legado. A prática conecta gerações e reforça o vínculo com o território, transformando-se em um símbolo de identidade e luta pela cultura tradicional.                              

Baile ruidoso, uma chamada à ação                              

Como você pode contribuir para que a melodia e os passos do fandango sigam ecoando no Paraná? Descubra, celebre e ajude a preservar essa tradição que resiste ao tempo, garantindo sua continuidade para as futuras gerações.

Texto elaborado por Lucas Simões Pedroso (Bolsista de Extensão da Itaipu/UFFS)

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